A Barra é um bairro único no Rio. A locomoção em seus domínios é feita através de carro em vias expressas, não existe vida nas ruas, como lojas e praças públicas. As praças foram substituídas por shoppings, onde a única atividade permitida é o consumo. As localizadas nos condomínios estão sujeitas a regras próprias, com freqüentadores exclusivos e protegidos daqueles que não podem pagar para morar entre seus muros. Por isso, não podemos chamá-las de públicas. Nos outros bairros existe comércio nas ruas, bares, padarias, restaurantes e transeuntes dividindo um espaço que é de todos.
Este texto não tenta reivindicar a vida como antigamente, quando vizinhos colocavam cadeiras nas portas de suas casas e passavam a noite conversando, as crianças brincavam de bola tranqüilamente e a violência era algo distante. Este texto reivindica o retorno do espaço público, onde qualquer cidadão pode freqüentar e se reunir para manifestações, para passar a tarde jogando dominó ou simplesmente vendo a vida passar. É pela volta do contato entre as pessoas.
Nunca vou entender como a Barra funciona e nada me assombra mais do que imaginar toda uma cidade naquele modelo. A vida dessa forma é como um sonho para muita gente, mas para mim é como um pesadelo.
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