Já tinha comentado aqui sobre os bares insulanos presentes no Rio Botequim 2010. Agora que terminei de ler todo o livro, segue resenha completa.
O Guia está com um acabamento de primeira. Capa dura, papel couchê, todas as páginas coloridas, possui uma versão bilíngue, bem moderninho, uma mistura de revista de arte com site da internet. As fotos, que antes mostravam a faixada do estabelecimento, o garçom mais famoso da casa ou o dono segurando uma tulipa de chope, agora são mais "conceituais", exibindo apenas pequenos detalhes da arquitetura do prédio, uma parte do prato principal, o ambiente meio desfocado, imagens sobrepostas e filtradas, coisa bem contemporânea. Ícones ajudam a identificar a categoria do estabelecimento, que podem ser: adega, armazém e mercearia, restaurante popular, restaurante informal, tradicional, bar, pé-sujo e pé-limpo.
No lugar dos já tradicionais 50 botecos cariocas, agora resenha mais de 200, incluindo municípios da Baixada e interior. Como não ganhou muitas páginas adicionais e aumentou a quantidade de firulas, o texto descritivo foi drasticamente reduzido. Se, em edições anteriores, cada estabelecimento ganhava uma página inteira de texto, nesta mais recente alguns ganharam apenas três linhas. Eu, que também resenho botequins, tinha no texto do Guilherme Studart uma inspiração para tentar escrever cada vez melhor. Uma pena, perdi uma importante referência.
A edição 2010 está mais atemporal, sem os preços dos pratos, que mudam constantemente deixando o guia desatualizado em pouco tempo. Também está mais formal, dando ênfase aos pratos e falando pouco do dono do estabelecimento, da cozinheira, histórias do lugar.
Essas mudanças me deixaram entediado quando cheguei no meio do livro. Ficou com cara de guia mesmo, quase uma Página Amarela, e, tirando o Rain Man, ninguém pega uma Página Amarela e senta para ler do início ao fim. Ele é utilizado para consultas, e foi nessa direção que o Rio Botequim 2010 caminhou.
Claro que todas essas alterações foram feitas para justificar uma nova edição, que precisa trazer alguma novidade em relação à anterior. Mudar a fórmula do guia foi a opção escolhida pela produção, mas, na minha opinião, não foi a melhor solução. Minha sugestão seria utilizar botequins inéditos, que já não tenham sido resenhados nos anos anteriores. Material para isso é o que não falta.
Assim como bares tradicionais estão dando lugares a bares moderninhos, com arquitetos famosos contratados para reproduzir o ambiente dos antigos botecos, o Rio Botequim 2010 também se modernizou, tal qual os estabelcimentos que tão bem retrata. Sinal dos novos tempos.
Deixo aqui um recado para o Guilherme: você precisa experimentar o pastel de carne assada do Kareka's e a costela no bafo do Canto do Periquito, que é um trailler na beira da praia da Ribeira, bem ao lado do Pontapé Beach. Quando for lá, favor, me avisa.
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