O hábito de flainar pelo centro da cidade se fortaleceu depois da construção da Avenida Central, atual Rio Branco, que com suas construções inspiradas pela arquitetura francesa fez com que mulheres e famílias caminhassem por sua extenção com calma, entrando nos cafés e livrarias para um bate-papo, como se não houvesse amanhã. O próprio verbo flainar, ou flanar, vem do francês flâneur.
Flanar é andar pelas ruas observando tudo a volta, reparando detalhes que passariam despercebidos pelos transeuntes apressados. Sou um flâneur, ou um flanador, desde muito pequeno. A foto abaixo foi feita pela minha digníssima no início do nosso namoro, com uma máquina analógica, daquelas que utilizavam filmes. Retrata um casal de velhinhos que tentava levantar um qualquer tocando sanfona na Rua Uruguaiana. Quando pedi para bater a foto eles ajeitaram os cabelos, esticaram as roupas, se preparam para ficar bonitos no registro.
Adoro esta foto. É uma singela lembrança que me emociona até hoje e que para mim tem milhões de significados. Mostra a dificuldade de um casal em sobreviver com uma aposentadoria de fome, a criatividade e talento para música e, principalmente, a significa amor verdadeiro de um casal que provavelmente está junto há muitos anos enfrentando as agruras e felicidades que toda vida reserva.
Foi flainando que gravei o Michael Jackson da Uruguaiana e o pintor com spray, sem contar dezenas de outras apresentações de artistas de rua que parei para assistir sem registrar.
A mais recente apresentação que assisti foi a banda francesa 8ctoplus, que roda o mundo tocando nas ruas. Assista abaixo:
Mágico no Largo da Carioca |
O áudio não ficou muito bom, mas in loco a apresentação era animadíssima. O CD estava sendo vendido por R$10,00 e muitas pessoas compraram. Restavam poucas unidades dentro do case.
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