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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A presidenta

Certa vez minha digníssima me disse que sou a dissonância cognitiva em pessoa. Com licença poética, ela quis dizer que minha vida sempre foi marcada por atividades antagônicas. Exemplo: já fui militante do MST e depois fiz MBA em marketing na Fundação Getúlio Vargas. Uma atividade esquerdista e outra capitalista.

Ainda tenho este comportamento. Toda semana leio O Globo e sou assinante da Caros Amigos. É desta forma que procuro o caminho budista do meio.


Outro dia li uma entrevista com o linguista José Luiz Fiorin que falou sobre o ensino de português no Brasil e da recente polêmica sobre o livro de Heloisa Ramos, Por Uma Vida Melhor. Confesso que no início da polêmica eu reproduzi o opinião da mídia corporativista burguesa, mas agora venho a público defender o livro e sua autora.

Sem me prolongar muito, segue minha opinião em tópicos, baseado nos argumentos de Fiorin e outros;

  • O livro foi escrito para o público adulto e tem como ponto de partida para o ensino a forma como o aluno já fala. Ele não pode ter vergonha do seu jeito de falar, e ridicularizar isso é ridicularizar a própria identidade do aluno, reclusando-o ao silêncio dentro de sala, que dever ser um lugar de debate e discussão;
  • O ponto polêmico do livro fica restrito a um pequeno trecho do primeiro capítulo. Em todo o resto da publicação é aplicada a norma culta com textos de autores como Machado de Assis;
  • Falamos de forma diferente em diferentes ambientes. A linguagem em uma mesa de bar é diferente da utilizada numa conferência ou texto científico. Quem verdadeiramente domina a língua é aquele que sabe adaptar sua fala para seu público, se fazendo entender por todos, e não aquele que só utiliza a norma culta, pessoa que, aliás, não existe!

A presidente ou a presidenta?

Aproveitando o ensejo, deixo minha opinião sobre a presidente ou a presidenta. De acordo com as normas, falar a presidenta é a mesma coisa que falar a adolescenta. Mas eu quero é que se f**da, vou continuar escrevendo a presidenta., assim como milhões de brasileiros. Os linguistas que se virem para encaixar esta nova forma nas gramáticas.

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