Quando eu era adolescente, achava que tinha nascido no mundo errado, sentimento esse comum aos jovens. Mas vez por outra sou novamente acometido por essa sensação, presencio coisas tão absurdas que pessoas dizem e fazem com tanta naturalidade que me deixam estupefato, em todos os sentidos e na maior profundidade que o termo significa.
Outro dia estava na Ciça conversando com uma amiga do Leo que acredita em horóscopo. Ela nem aceita o verbo acreditar quando se relaciona a influência dos astros na vida e na aparência física (é sério) dos indivíduos, ele prefere dizer que as pessoas aceitam ou não a influência das estrelas.
Ela alegava que os conhecimentos milenares de povos antigos não podem ser ignorados. Pior que isso, alegava ser uma pessoa muito cética, que de tão cética duvidava até da ciência.
Tudo que temos hoje é fruto da ciência: internet, aviões, medicina, mísseis intercontinentais, GPS, satélites e o sabor artifical de churrasco dos sanduíches do Burguer King. Queria ter perguntado para a citada figura, caso ela tivesse um câncer, se ela se trataria com quimioteria ou com um banho de ervas de um pajé qualquer.
Cachaça, meu cachorro |
Meu cachorro, o Cachaça, tem um problema de pele que nenhum veterinário descobriu o que é. Já fizemos vários exames, xampus, remédios e nada. Levamos ele numa especialista em pele que já receitou outros exames e remédios. Tomara que dessa vez descubramos o que ele tem. Mas o engraçado é ouvir as recomendações "médicas" e espirituais que minha digníssima e eu ouvimos de pessoas próximas. Fizemos uma pequena relação:
- Levar o cachorro numa encruzilhada, esfregar um ovo no pêlo dele e pedir para para Ogum não deixar mais o animal espraguejado. Depois quebrar o ovo no chão e ir embora sem olhar para trás;
- Dar banho com água de fumo de rolo;
- Banho com chá de folha de tabaco;
- Banho de 7 ervas;
- Rezar missa para São Lázaro, São Francisco entre outros santos;
- Um feirante que vende legumes cortados em feiras, que compramos sempre, nos deu uma seringa com um remédio para colocar num pedaço de carne e dar para o cachorro comer. Ele comprou barato e só pagamos cinco reais. Obviamente não demos o remédio.
Tudo isso foram recomendações sérias, dadas para minha consorte por parentes, manicures, transeuntes na rua e amigos. Você nem precisa pedir orientação, todo mundo se sente na obrigação de fornecer algum conhecimento secreto (e bizarro) que só a pessoa detêm para resolver os mais diversos tipos de infortúnios que acomentem os seres vivos da terra. Quando indagada se tinha feito a mandinga, a digníssima sempre dizia que sim e que não tinha dado certo, só para cortar logo o assunto.
A recomendação que mais gostei foi da encruzilhada, mas as das manicures também foram ótimas. Depois que alguma sugeria algum tratamento, ao se afastar, vinha outra que, sussurando, falava: - não faz isso não, faz o seguinte...
Tinha uma mais absurda, que utilizava a urina do cachorro, mas quando a receita começou a ser dada, minha digníssima cortou logo: - não, pára. Macumba tem limite!
Tinha uma mais absurda, que utilizava a urina do cachorro, mas quando a receita começou a ser dada, minha digníssima cortou logo: - não, pára. Macumba tem limite!
Impressionante, nunca vou deixar de ficar abismado com as pessoas.
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