A região portuária do Rio, depois de décadas de abandono, está passando por grandes reformas. Ruas estão sendo alargadas, calçadas refeitas, problemas com alagamentos solucionados, novo mobiliário urbano, ocupações removidas entre outras coisas. Já falei aqui sobre o Cais do Valongo, ponto de chegada de mais de um milhão de escravos africanos. Nenhum outro lugar do mundo recebeu tantos escravos quanto esse cais, que em breve será um museu.
A travessia do Oceano Atlântico demorava algumas semanas, e muitos negros morriam diante das péssimas condições do transporte. Os mortos durante o trajeto eram jogados no mar, e os que chegavam debilitados passavam por uma quarentena, recebendo uma alimentação um pouco melhor para que pudessem ser recuperados e vendidos ao longo da Rua do Valongo, atual Camerino. Os que não conseguiam melhorar durante a quarentena eram enterrados no Cemitério dos Pretos Novos, localizado durante a reforma de uma casa na Rua Pedro Ernesto em 1996.
Os corpos eram esquartejados e depois queimados, para que ocupassem menos espaço. Estive lá há algumas semanas e conheci o centro cultural erguido para que esse período tão triste da história brasileira não fosse esquecido. Os donos da casa onde foi feita a descoberta, Petrucio Guimarães e esposa, são os principais mantenedores do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, que, assim como diversas outras instituições culturais do país, carecem de recursos e patrocínio para expansão de suas atividades.
O cemitério funcionou até 1830, ano em que o tráfico se tornou ilegal. Mas antes disso, recebia diversas reclamações dos moradores do entorno, diante do cheiro e pestes causadas pelo sepultamento precário e desumano.
Trecho com ossos a mostra a apenas poucos centímetros da superfície |
Recomendo o passeio ao Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos. A visita é gratuita e é possível pegar material informativo que conta com mais detalhes essa história. Visite o site e saiba mais: www.pretosnovos.com.br.
Cais do Valongo: Sangra da Terra
Ainda sobre o assunto, também assisti o documentário Cais do Valongo: Sangra da Terra. Assista abaixo o trailer.
Acho importante divulgar essas informações. A Região Portuária possui um histórico riquíssimo e espero que essas obras contribuam para que não seja esquecida.
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