Cauda longa

Por mais baixos que sejam meus rendimentos mensais, sempre sobra alguma coisa. Estou até pensando em conhecer a High Line ano que vem (mentira, sei que vou novamente me sabotar). O que quero dizer é que não sou uma pessoa consumista.

O que me salva é que ainda posso contar com algumas almas caridosas que me ofertam roupas vez por outra, o que faz com que minha situação seja um pouco menos calamitosa.

Só existem três situações nas quais adoro sair para fazer compras. A primeira é comida. Sou capaz de ler a tabela nutricional e lista de ingredientes de todos os pães do supermercado, esquadrinhar toda a seção de produtos naturebas a procura de algo que não conheço. Outro dia comprei semente de cevada torrada e fiz, literalmente, um refresco de cevada. Também sou fascinado pelas Casas Pedro. Infelizmente não estou com motivação para cozinhar. Solteiro, preparar comida só para mim é muito chato e acabo só fazendo o básico.

A segunda situação são as livrarias e a terceira é a produção teatral. Convenhamos, é muito divertido andar pela Saara com itens como espada e frango de borracha na lista de compras.

Apesar de adorar contato humano, evito ao máximo os vendedores. Sabe aquela festa para a qual você é convidado mas só conhece a pessoa que fez o convite? Muita gente recusa justificando que não conhece ninguém, mas é justamente esta que procuro, uma excelente oportunidade para conhecer gente nova. Mas, por algum motivo, este mesmo entusiasmo não se aplica quando preciso adquirir alguma coisa.

Felizmente existe a cauda longa da internet, que com apenas alguns cliques coloca na tela do meu computador mais de 300 modelos de All Stars masculinos tamanho 39, enquanto que na vitrine de uma sapataria existem, no máximo, uns 20 modelos.

Sempre agradeço à internet, que me permite comprar qualquer coisa sem nenhuma interação humana.