O novo padrão de calçadas da Via Binário exclui o cadeirante |
Uma cidade que pretende resolver seus problemas com engarrafamentos precisa oferecer às pessoas alternativas ao carro, como investimento em transporte público, bicicletas e, porque não, caminhada. Mas o Rio de Janeiro é extremamente hostil aos pedestres, conforme já escrevi nesta e nesta postagens. Para atravessar uma via utilizando as faixas de pedestres e passarelas, algumas vezes é preciso caminhar 800 metros. Ida e volta, 1.600. Deste jeito, até para ir à padaria perto de casa o indivíduo opta pelo carro. Quem já precisou atravessar a Avenida das Américas a pé conhece muito bem essa dificuldade.
Infelizmente, as novas vias que estão sendo construídas mantêm esse padrão de desestímulo ao andar. A nova via Binário, que ainda não foi inaugurada, é um exemplo. A poucos metros da placa que alardeia o "novo padrão de calçadas", um trecho no qual não é possível passar com uma cadeira de rodas.
Estou muito preocupado com as obras do Porto Maravilha. Os vídeos que mostram como a região vai ficar são lindos, mas as partes que já estão ficando prontas são aterradoras. O Cais do Valongo, por exemplo, é inóspito. As praças precisam ser lugares que atraem as pessoas, lugares de convivência, de bate-papo, aposentados jogando um carteado, crianças brincado, donos de cachorros levando seus bichinhos para passear, como a Praça Saens Peña. O Valongo é o oposto disso, além de não possuir bancos nem sobras, foi calçado com uma pedra que reflete a luz do sol, que além de aumentar a temperatura, incomoda a visão, tamanho a claridade (saiba mais).
Cais do Valongo: quente, sem bancos, sem sombras. Um lugar hostil. |
Veja a Ponte Estaiada de São Paulo. Há quem a ache linda, mas tirando as questões estéticas, ela custou duzentos milhões e só possui um único uso: veículos motorizados. Não é permitido pedestres nem ciclistas.
Fico pensando se as praças e viadutos estão sendo projetados propositalmente para afastar as pessoas em vez de agregá-las, ou se é por pura incompetência de seus planejadores. A Perimetral vai ao chão para dar lugar a calçadas e ciclovias, mas torço para que não seja nesse padrão.
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